Énarxi

Livre Mensagens : 7 Data de inscrição : 12/02/2012

Meus passos pela floresta da grande Du Weldenvarden eram lentos e controlados. Eu não queria me apressar e nem queria chegar tão cedo a uma cidade, mesmo que estivesse perto de Ellesméra. A trilha fina era rodeada de árvores altas, mas de copas com folhas ralas, o que permitia a iluminação pela luz solar.

A união da calma - pelo menos aparentemente - da beleza da floresta bem verde e da luz dourada do Sol trazia uma calma e exuberância admirável ali e eu observava cada detalhe com atenção. Desejava sim a companhia de um animal ou de um dragão para me acompanhar na caminhada, mas os animais estavam mais a fundo na floresta, em meio às árvores de copas mais grossas e onde a luz solar não entrava com tanta intensidade, o que a tornava mais escura, de difícil movimentação e mais perigosa.

Era habitada por diversos animais gentis, roedores pequenos, peixes - muito gostosos, aliás - nos rios que se estendiam por toda Du Weldenvarden, insetos e pequenas aves. Mas também haviam lobos, gatos do mato e talvez feras maiores. Porém, na hora que eu pensei em tudo que havia escondido mais pra dentro da mata meu senso de auto-proteção sumiu junto com meu medo e minha curiosidade se instigou de tal forma que não pude me conter. Adentrei mais ao fundo a floresta.

A luz ia diminuindo gradualmente, conforme me aventurava mais intimamente na floresta, eu acabei esquecendo o possível risco que corria e não parei quando a luz já começava a sumir. Então, senti meu corpo tremer quando "me situei" que estava muito fundo da floresta, já estava bem escuro e os pássaros que antes cantavam perto da trilha, agora não existiam ali. Não era noite ainda, mas mesmo assim estava escuro suficiente para um tigre levar vantagem contra mim. Eu ia sair dali, mas ouvi o barulho de passos vindo de trás de mim quando eu me virei de novo para direção de onde tinha vindo.

Fiquei estático, meu cérebro parou repentinamente e eu fiquei bem em meio aquela frase "Se correr, o bicho pega. Se ficar, o bicho come" mesmo sem saber se aquele barulho de folhas e galhos se quebrando e remexendo foi uma maçã que caiu do pé, uma raposa vermelha correndo atrás de comida ou um leão morrendo de fome.

Tsuru Mensagens : 314 Data de inscrição : 20/01/2012

O leve balançar dos galhos em meio a floresta mostrava-se perigoso, mas logo se acalmou quando um coelho saiu dos arbustos. Enrique ficou aliviado em ver o pequeno roedor sair correndo por entre uma arvore e outra.

Os raios do sol mal alcançavam o chão de tão densa que a floresta estava. Árvores enormes guardavam tudo acima de sua cabeça, elas vigiavam com rigor seu território, firmes e imutáveis. O esplendor da natureza se mostrava forte, ali o mundo era tudo e tudo era um. Enrique se esgueirou por uma arvores para passar, mas ao se apertar percebeu algo de estranho, um odor que ele não pode decifrar, mas com o tempo percebeu do que se tratava. A floresta estava cercada pelo cheiro de medo; pelo cheiro de sangue. Seus olhos sondaram o local, mas não encontrou nada, estava muito escuro, ele só tinha ao seu lado o olfato que o levava para aquele cheiro repugnante ao norte.

Livre Mensagens : 7 Data de inscrição : 12/02/2012

Eu estava muito nervoso com o ser entre as árvores. Senti muito medo e pensei por vários segundo em me virar e fugir desesperadamente sem olhar para trás. Então tomei a decisão de fazer isso, já que a coisa já estava bem próxima, mas, antes que o fizesse, o "tenebroso ser da floresta" se revelou apenas um coelho.

Eu expirei aliviado por não ser uma fera assassina, mas um simples herbívoro. Ele continuou correndo, aparentemente ignorando minha presença ali e seguiu para mais longe dentro da mata. Eu sorri e comentei comigo mesmo:

— Um coelho - dei uma leve risada, lembrando de todo meu medo - estava assustado com um coelho!

Eu me esgueirei entre algumas árvores para poder andar mais um pouco. A floresta, como já dito estava tenebrosamente escura, os raios de sol eram impedidos de passar em grande número devido as copas altas e densas das árvores que se agrupavam quase estrangulando a luz. Mesmo assim, isso tinha sua aparência boa.

As árvores próximas a mim, por exemplo, eram altas, fortes, rígidas, pareciam até milenares. E, enquanto na trilha o que eu observava da floresta era sua delicadeza e gentileza, ali eu via sua força e sua resistência bruta! Me apertei com força entre duas árvores, ainda pensando em como a floresta era esplêndida senti um cheiro estranho, intragável, quase indecifrável. Mas apurei o olfato e pude desvendar parcialmente o que era. Sangue. E quando eu constatei isso visualizei em minha mente uma corça sangrando pelo pescoço, com este quebrado. Ela estava presa em galho alto e seus olhos estavam abertos e rígidos, seu olhar preso em mim. Por que eu imaginei isso? Eu não sei, acho que foi porque aquele cheiro me incitou coisas muito... erradas. Morte, sangue e gritos por exemplo.

E eu sei que, novamente, deveria ter saído dali, afinal, aquele cheiro não indicava coisa boa e se havia algo de ruim ali eu deveria evitá-lo e me retirar imediatamente pra me preservar. Mas essa ideia nem passou pela minha mente e eu prossegui, mesmo ciente do risco que corria eu procurei a fonte daquele cheiro e não a encontrei devido a escuridão. Mesmo assim, resolvi usar meu olfato para seguir aquele odor repugnante e assustador.

Tsuru Mensagens : 314 Data de inscrição : 20/01/2012

Seu olfato levou-o a uma clareira com densas arvores em volta. Um rio sinuoso cortava o local e a sua volta tinha pedras brancas, sobre as pedras haviam vários animais mortos. A frente dos corpos um elfo grande com a mão esquerda em formato de garras e a direita normal se portava, sua cabeça meio lobo meio normal davam um tom negro ao elfo. Ele tinha braços enormes e em sua mão normal ele possuía um machado, um elfo complexo._ Saia daqui ou o matarei _. Dizia o elfo que não se justificava por todas aquelas mortes sem sentido.

Livre Mensagens : 7 Data de inscrição : 12/02/2012

Depois de procurar por um bom tempo, meu olfato me guiou até uma clareira aberta no meio da floresta, mas cercada por todos os lados por árvores altas e de grossos troncos. Tinha uma boa aparência, com um rio que a cortava sinuoso mas assim que olhei para frente meu corpo tremeu.

Haviam pedras brancas que cercavam o rio. E em cima das pedras haviam... animais, mortos. Meu estômago se remexeu e eu ouvi ele grunhir, me fazendo levar a mão a boca, tanto de surpresa, como um meio de não vomitar. Aquilo era extremamente repugnante e senti uma leve tontura ao inalar mais uma vez aquele cheiro podre de sangue animal. Meu olhar deslizou suavemente dos animais para um corpo vivo a frente deles. Meus olhos o fitaram com desprezo, horror e nojo.

Ele tinha feições de elfo, era alto. Mas era completamente diferente, primeiro porque ele era o ser mais cruel que já vi em minha frente, quem seria capaz de matar aqueles animais? Ainda mais um elfo, nós que somos tão ligados a natureza. Esperava, sinceramente, coisa parecida de Espectros ou ainda daqueles horrendos Urgals. Seres que não prestam respeito algum a nada. E me assustaria menos se fosse de autoria de algum Humano ou Anão. Mas um elfo? Afastei meus pensamentos para sondar novamente o ser a minha frente. Depois de refletir sobre sua aparente principal diferença psicológica dos elfos, eu analisei as físicas. A mão esquerda parecia uma garra, mas a direita era normal. A cabeça era meio licantrópica, meio elfa, meio normal e isso dava a ele um tom de fera, de besta, ele parecia ser mais ignorante que um leão. Seus braços eram bem maiores que o normal e em sua mão direita ele trazia um machado.

Eu esperei ele dizer algo. Não, permita-me corrigir. Daquele ser eu não esperava que dissesse nada, sua ignorância era de tal forma desmedida que eu esperava apenas que ele ladrasse ou que se comunicasse por grunhidos. Mas ele disse sim algo que eu compreendi muito bem. Ordenou que saísse ou iria me matar. E de novo eu fui contra as regras.

Como das outra vezes, eu me recusei a sair, inicialmente não falei nada, apenas continuei ali, igual a todas as outras vezes que deveria ter preservado minha segurança, quando estava na trilha e por curiosidade adentrei a mata escura. Já dentro da floresta, paralisado pelo medo, esperei para ver o barulho que me assustara e quando em seguida senti cheiro de sangue e meu instinto me fez perseguir aquele odor. Mas agora eu não ia permanecer ali por curiosidade, por medo ou por instinto. Eu estava ali por raiva, indignação e mesmo que ele fosse visivelmente mais forte e mortal, eu consegui dizer após alguns segundos:

— Não, não saio. Venha, me mate!

Na hora não medi muito bem minhas palavras e deixei que minha raiva tomasse a responsabilidade de proferí-las. E eu acho que minha raiva é muito irresponsável, pois desafiar aquele elfo as avessas a me matar não era a melhor solução. Mesmo assim, permaneci ali, aguardando ao ataque iminente.

Tsuru Mensagens : 314 Data de inscrição : 20/01/2012

O elfo rugiu com um olhar feroz. Sua cabeça se distorceu com o uivo, algo muito esquisito, como se ele já não conseguisse manter aquela forma, como se estivesse tomado e querendo se libertar. Uma lagrima rolou em seu espeço pelo facial, triste, só e agora atacando sua própria raça o elfo partiu em direção a Enrique._ Me mate se for capaz, me faça esse favor, seja forte _.

O elfo correu na direção de Enrique com portando o machado acima da cabeça. Ele se lançou em um longo e poderoso impulso e tentava desferir um golpe de cima para baixo com as duas mãos. O sol de fim de tarde acariciava os dois e o vento era aconchegante, um honroso para uma morte.

Livre Mensagens : 7 Data de inscrição : 12/02/2012

O ser uivou, parecia furioso, cercado de ódio. Mas ou meus olhos estavam tentando me enganar, ou quando ele uivou sua face pareceu mudar de forma, como se ele estivesse... voltando a ser elfo!

Poderia ser loucura minha, mas me passou pela cabeça que talvez ele não tivesse matado aqueles animais, nem tivesse essa forma porque queria. Eu cogitei a possibilidade daquilo ser algum tipo de maldição ou encantamento. Mas sua cabeça se transmutou de tal forma que pareceu que algo bom preso aquele corpo de monstro queria se libertar, queria rasgar aquela pele e queria se mostrar um simples elfo amaldiçoado. Eu pensava nisso quando vi uma pequena lágrima surgir em seu rosto e escorregar por ele, demonstrando uma tristeza sem tamanho.

Ele se aproximou de mim e pareceu quase implorar que o matasse. Nesse momento eu tive a certeza que ele não queria ser mal, era contra tudo que acreditava e ansiava, mas ele tinha de ficar naquela forma contra a sua vontade.

Ele correu em minha direção, ergueu seu machado acima da cabeça e se impulsionou para frente, tentando um golpe de cima para baixo. Eu olhei rapidamente para trás dele e vi o sol se por, o brilho alaranjado invadindo a clareira. Senti a brisa leve e gentil soprar, sem ferir, aconchegando. Essa visão e esse sentimento fez eu ver tudo a minha volta girar, o tempo pareceu andar devagar, tudo pareceu parar um pouco apenas para que eu notasse como o mundo ainda era belo. Eu não podia morrer! Mas o elfo a minha frente também não!

Em uma tentativa de evasiva me lancei para o lado. Olhei-o rapidamente e saquei uma espada. Me endireitei, pois havia ficado com minha postura meio torta com o salto para o lado, e tentei desferir um golpe em seu braço que portava o machado, tentando não matá-lo.

— O que te faz ser assim? - eu indaguei ao me afastar do monstro.

Tsuru Mensagens : 314 Data de inscrição : 20/01/2012

O elfo-sem-rosto ascendeu aos céus em um único e brusco salto, seu corpo musculoso se mostrava rígido e forte enquanto rompia o ar, o leve sol da tarde lhe dava um toque gentil, embora toda aquela fúria lhe estragasse._ Irei-lhe cortar _. Urrou o elfo caindo na direção de Enrique. Sua queda foi veloz, mas Enrique pode desviar passando a direita do elfo. Parecia que ele tinha desviado perfeitamente, mas o elfo largou o machado com a mão esquerda e tentou acerta-lo com as garras. As unhas afiadas passaram de raspão no rosto de Enrique deixando duas finas linhas de sangue.

Enrique tentou acerta-lo no braço direito, mas estava longe já que foi o lado esquerdo da criatura que ficou amostra quando ele saltou para a direita.

Os dois se sondavam de frente, o elfo agora babava de fúria e parecia que havia se perdido. Quando Enrique se deu conta o elfo já era um lobo por completo e nem conseguia mais segurar o machado. Suas duas mãos eram garras, mas não iguais, agora de lobo como se ele tivesse virado uma das lendas dos humanos; como um lobisomen.

Livre Mensagens : 7 Data de inscrição : 12/02/2012

Ao tentar me desviar, consegui escapar do golpe de machado, mas as garras localizadas em sua mão conseguiram atingir meu rosto de raspão, criando dois cortes delgados. Minha tentativa de atingir seu braço deu completamente errado, pois o lado que eu desejava atingir estava no ponto contrário ao vulnerável.

Agora ele já babava de fúria. Todos os seus movimentos, seu olhar, sua boca escorrendo saliva infestada de fúria e até mesmo sua voz indicava algo que eu torcia para não acontecer: ele estava quase perdido. A parcela mínima de essência élfica que ainda se localizava dentro dele estava quase sendo consumida por aquela maldição. Eu estava tão distraído refletindo isso que quando dei por mim aquele meio-elfo havia sumido, mas para minha tristeza não para um elfo puro, mas para uma fera pura.

Ele teve de largar o machado, pois a mão que ainda se mantinha normal havia se tornando garras também. Agora ele se assemelhava a lendas que havia ouvido de alguns elfos mais velhos e viajados contarem. Sim, porque não eram lendas élficas e sim humanas. Era uma maldição que sofriam alguns humanos, algo que se relacionava a magia, lobos, bestas, noite e lua cheia. Como eles chamavam mesmo quando os humanos se encontravam sob o efeito da transformação?

— Lobisomem! - eu disse, ao me recordar do nome.

Era isso que ele era, um lobisomem, uma fera afetava pela fúria os lobos, mas só que bem mais maximizada, era como um lobo em seu ápice de fúria. Ouvi histórias de que eles perdiam completamente a razão do que era certo e errado e de quem era bom e mau e seu único desejo era matar e estraçalhar.

Mas quando eu pensei nessa última frase me dei conta de uma coisa. Ele estava perdido, não poderia mais ser um elfo digno de novo. E se, na verdade, o que ele quisesse fosse morrer? Pelo que ouvi, aquela maldição raras vezes encontrava um fim, exceto quando o "lobisomem" morria, como humano, ou como lobo. Tudo bem, eu poderia não matá-lo ali e agora e ele voltaria ao normal, mas sem dúvidas aquilo ocorreria de novo e de novo. Lembrei de sua frase: "Me mate se for capaz, me faça esse favor, seja forte."

— Me faça esse favor... - repeti e ergui meu olhar até o dele - bem amigão, vou te fazer sim esse favor, foi bom te conhecer.

Parti pra cima dele com a espada e tentei golpear o pescoço dele pela esquerda, um golpe horizontal, uma tentativa de matá-lo.

Tsuru Mensagens : 314 Data de inscrição : 20/01/2012

Eu poderia posta como você matou ele, mas isso será inútil, além de que seria um psote grande, não há mais nada a aprender aqui, seu lugar é com a elite tentando terminar essa saga ou conseguir algum conto sobre seu personagem.

~ Aventura Finalizada ~

XP: 10
EDCXP: 5
( Quando criar sua ficha peça a att para por isso)